Qualquer coisa, incluindo sessões de poesia concreta albanesa, é melhor que ver jogos da selecção ao vivo. Quem passa por isso e gosta da experiência não pode recear ver uns quantos livros pendurados por aí.
Já vi calças e botas a serem usadas como vasos, baldes do lixo como candeeiros de teto e pentes como árvore de Natal. E eram belos objetos decorativos (e funcionais). Estou com a Zélia, portanto.
Se esse "conflito" fosse cá em casa, eu aceitaria se (e só se) fosse eu a escolher os livros, seguindo a ideia do Marco: os de que não gostei é os que nunca vou ler.
Vantagens por ordem crescente: mais uma peça decorativa, mais espaço nas prateleiras e a esposa feliz. 😁
Pois, eu prefiro lê-los, mas como diz o Marco, se houver livros que não vou ler ou de que não gostei, pode ser uma solução. Mesmo assim prefiro a minha: dou-os a uma associação local que os vende e assim obtém receitas. Se eu não gosto, outros poderão gostar.
Não é que considere que usar livros como objectos de decoração seja um crime de lesa-majestade, mas o certo é que dificilmente alinharia, pelo menos de boa vontade, num projecto desse tipo.
É verdade que a obra e o objecto livro que lhe serve de suporte são coisas distintas, que importa não confundir. Contudo, tendo a achar que a relação que intercede entre ambos tem uma natureza especial. Dado que dificilmente conseguimos aceder à obra quando ela não está incorporada num suporte livro (cada vez menos, admito, dada a crescente proliferação de audiolivros, livros digitais e outros suportes análogos), o objecto livro acaba por partilhar da “dignidade” da obra que incorpora e que torna acessível. É certamente levar longe de mais esta ideia, mas para a ilustrar melhor penso nos ícones na teoria segundo a qual eles tornam “presentes” as figuras neles representados. Neste sentido, diria que mutilar, vandalizar ou destruir um livro comporta já algum tipo de agressão à obra, ainda que seja uma agressão puramente simbólica (não é que ache que a proposta decorativa a que o Marco alude seja uma mutilação… longe de mim sustentar tal ideia, ou sugerir que o Marco pudesse usar um tal argumento na questão conjugal!).
O argumento de que apenas estaria em causa empregar livros que muito provavelmente não seriam jamais lidos não me convence.
Em primeiro lugar, porque esse juízo é quase sempre relativo ao momento temporal em que é feito. Nada nos garante que, dentro de 5 ou 10 anos, não retomo a vontade de ler aquele livro que tinha lá na prateleira, algo esquecido.
Em segundo lugar – e creio ser acompanhado por qualquer daqueles leitores que acumula mais livros do que aqueles que vai conseguindo ler – porque a aquisição de um livro para a nossa biblioteca não traduz um compromisso de leitura, exprime somente uma intenção de leitura, que se pode ou não concretizar. A partir do momento em que o livro está nas minhas estantes, está à minha disposição, em qualquer altura posso pegar nele para o ler sem a preocupação de se ter eventualmente esgotado ou desaparecido de circulação. Daí que conviva muito bem com a existência de livros na minha biblioteca que provavelmente não chegarei a ler, sem que por isso os considere mais dispensáveis!
Peço desculpa pela extensão do texto, mas estas questões interessam-me bastante!
Acho que pode ser uma ideia a pensar melhor. Pode ser uma boa forma de arranjar um lugar de "honra" para determinados livros, tudo depende do arranjo do artista, pois acho que tem de ter a dignidade que os livros merecem...
Qualquer coisa, incluindo sessões de poesia concreta albanesa, é melhor que ver jogos da selecção ao vivo. Quem passa por isso e gosta da experiência não pode recear ver uns quantos livros pendurados por aí.
A poesia concreta albanesa é bem pior! :D
Bom dia, Marco!
Já vi calças e botas a serem usadas como vasos, baldes do lixo como candeeiros de teto e pentes como árvore de Natal. E eram belos objetos decorativos (e funcionais). Estou com a Zélia, portanto.
Se esse "conflito" fosse cá em casa, eu aceitaria se (e só se) fosse eu a escolher os livros, seguindo a ideia do Marco: os de que não gostei é os que nunca vou ler.
Vantagens por ordem crescente: mais uma peça decorativa, mais espaço nas prateleiras e a esposa feliz. 😁
Bom fim de semana,
JM
Pois, eu prefiro lê-los, mas como diz o Marco, se houver livros que não vou ler ou de que não gostei, pode ser uma solução. Mesmo assim prefiro a minha: dou-os a uma associação local que os vende e assim obtém receitas. Se eu não gosto, outros poderão gostar.
Não é que considere que usar livros como objectos de decoração seja um crime de lesa-majestade, mas o certo é que dificilmente alinharia, pelo menos de boa vontade, num projecto desse tipo.
É verdade que a obra e o objecto livro que lhe serve de suporte são coisas distintas, que importa não confundir. Contudo, tendo a achar que a relação que intercede entre ambos tem uma natureza especial. Dado que dificilmente conseguimos aceder à obra quando ela não está incorporada num suporte livro (cada vez menos, admito, dada a crescente proliferação de audiolivros, livros digitais e outros suportes análogos), o objecto livro acaba por partilhar da “dignidade” da obra que incorpora e que torna acessível. É certamente levar longe de mais esta ideia, mas para a ilustrar melhor penso nos ícones na teoria segundo a qual eles tornam “presentes” as figuras neles representados. Neste sentido, diria que mutilar, vandalizar ou destruir um livro comporta já algum tipo de agressão à obra, ainda que seja uma agressão puramente simbólica (não é que ache que a proposta decorativa a que o Marco alude seja uma mutilação… longe de mim sustentar tal ideia, ou sugerir que o Marco pudesse usar um tal argumento na questão conjugal!).
O argumento de que apenas estaria em causa empregar livros que muito provavelmente não seriam jamais lidos não me convence.
Em primeiro lugar, porque esse juízo é quase sempre relativo ao momento temporal em que é feito. Nada nos garante que, dentro de 5 ou 10 anos, não retomo a vontade de ler aquele livro que tinha lá na prateleira, algo esquecido.
Em segundo lugar – e creio ser acompanhado por qualquer daqueles leitores que acumula mais livros do que aqueles que vai conseguindo ler – porque a aquisição de um livro para a nossa biblioteca não traduz um compromisso de leitura, exprime somente uma intenção de leitura, que se pode ou não concretizar. A partir do momento em que o livro está nas minhas estantes, está à minha disposição, em qualquer altura posso pegar nele para o ler sem a preocupação de se ter eventualmente esgotado ou desaparecido de circulação. Daí que conviva muito bem com a existência de livros na minha biblioteca que provavelmente não chegarei a ler, sem que por isso os considere mais dispensáveis!
Peço desculpa pela extensão do texto, mas estas questões interessam-me bastante!
Acho que pode ser uma ideia a pensar melhor. Pode ser uma boa forma de arranjar um lugar de "honra" para determinados livros, tudo depende do arranjo do artista, pois acho que tem de ter a dignidade que os livros merecem...