Muito obrigado pela apresentação deste livro. Espero que seja um acepipe que desperte a gula dos leitores. Sou um grande admirador da obra de Salman Rushdie e fiquei muito entusiasmado quando o "Victory City" me foi oferecido, na sua versão original, ainda antes de ter sido publicada a sua versão em português. A sua leitura transportou-me desde o início aos locais que tinha visitado há quase trinta anos, numa viagem de um dia desde a minha terra natal, Goa, ao estado vizinho de Karnataka, na cidade de Hampi, onde se encontram vestígios do Império de Vijayanagara (a tal "Cidade da Vitória", do reino que, para os portugueses, ficou conhecido como Bisnaga). Já levava alguma informação histórica sobre o império de Bisnaga. Dos vestígios dessa cidade, alguns deles em estado mais ruinoso, foi estimulante imaginar a sua grandiosidade e a monumental organização do seu espaço na época do seu apogeu. A narração de Salman Rushdie é de uma mestria soberba e convida o leitor ao exercício da imaginação e ao desafio ao conhecimento da história e da vida deste império.
Sim, Marco, a cidade tem base real. Quando visitei Hampi (Vijayanagar, a tal "Cidade da Vitória"), na tal viagem que menciono na mensagem anterior, segui para norte, na rota de outros sítios arqueológicos igualmente patrimónios da UNESCO e maravilhosamente interessantes, como as grutas de Badami, e os templos de Aihole e Pattadakal, todos no mesmo estado, Karnataka, vizinho de Goa. Actualmente, são vestígios de cidades pertencentes a antigos impérios que pereceram, tal como o de Bisnaga. Remontam aos séculos VI a VII, durante a dinastia chalúquia.
Aqui deixo, a título de curiosidade, algumas breves informações sobre os meus pontos de passagem nessa "peregrinação":
Nota: pode ser igualmente interessante aceder às informações e descrições constantes nos registos elaborados pelos cronistas portugueses que viveram e passaram por Viajayanagar , no seu apogeu.
Também estou a ler Cidade da Vitória, mas na tradução portuguesa. Penso que o tempo cronológico não é relevante para a narrativa, pelo menos o narrador fala-nos no século XIV (p. 116), mas Vasco da Gama e os portugueses só chegaram à Índia em 1498, no final do século XV.
É verdade, Sandra. Os navegadores e mercadores portugueses, chegaram no final do século XV. A conquista do importante e estratégico da ilha de Goa ocorreu em 1510, não só do ponto de vista de ocupação de território, mas sobretudo na actividade comercial, como parte fundamental no estabelecimento administrativo. É sabido que a chegada e a presença dos portugueses nesses primeiros anos foram fundamentais, dado o poderio militar naval que detinham em comparação ao dos exércitos locais, o que permitiu estabelecer alianças com os diversos reinos que digladiavam entre si. Nos contactos com os líderes desses reinos, tiveram um importante papel os missionários e mensageiros da corte do rei e dos vice-reis portugueses. No período em causa, o Império de Vijayanagar (Bisnaga, como lhe chamaram os portugueses), a "Cidade da Vitória", já estava em fase de acelerada decadência.
É claro que o livro de Salman Rushdie apresenta uma narração efabulada, onde intervêm personagens imaginários, como exércitos de macacos, divindades, avatares, em que até a própria protagonista, Pampa Kampana, viveu ao longo de inúmeras gerações, conhecendo vários séculos.
Para uma melhor compreensão da história do Reino de Bisnaga, pode consultar, entre outros, a História de Viajayanagara. Aqui fica uma dica: https://vijayanagara.nic.in/history/
Muito obrigado pela apresentação deste livro. Espero que seja um acepipe que desperte a gula dos leitores. Sou um grande admirador da obra de Salman Rushdie e fiquei muito entusiasmado quando o "Victory City" me foi oferecido, na sua versão original, ainda antes de ter sido publicada a sua versão em português. A sua leitura transportou-me desde o início aos locais que tinha visitado há quase trinta anos, numa viagem de um dia desde a minha terra natal, Goa, ao estado vizinho de Karnataka, na cidade de Hampi, onde se encontram vestígios do Império de Vijayanagara (a tal "Cidade da Vitória", do reino que, para os portugueses, ficou conhecido como Bisnaga). Já levava alguma informação histórica sobre o império de Bisnaga. Dos vestígios dessa cidade, alguns deles em estado mais ruinoso, foi estimulante imaginar a sua grandiosidade e a monumental organização do seu espaço na época do seu apogeu. A narração de Salman Rushdie é de uma mestria soberba e convida o leitor ao exercício da imaginação e ao desafio ao conhecimento da história e da vida deste império.
Muito obrigado! Confesso que não sabia que a cidade tinha base real. Grande erro! Hei-de corrigir num novo episódio. :)
Sim, Marco, a cidade tem base real. Quando visitei Hampi (Vijayanagar, a tal "Cidade da Vitória"), na tal viagem que menciono na mensagem anterior, segui para norte, na rota de outros sítios arqueológicos igualmente patrimónios da UNESCO e maravilhosamente interessantes, como as grutas de Badami, e os templos de Aihole e Pattadakal, todos no mesmo estado, Karnataka, vizinho de Goa. Actualmente, são vestígios de cidades pertencentes a antigos impérios que pereceram, tal como o de Bisnaga. Remontam aos séculos VI a VII, durante a dinastia chalúquia.
Aqui deixo, a título de curiosidade, algumas breves informações sobre os meus pontos de passagem nessa "peregrinação":
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hampi
https://en.wikipedia.org/wiki/Badami_cave_temples
https://en.wikipedia.org/wiki/Aihole
https://en.wikipedia.org/wiki/Pattadakal
Nota: pode ser igualmente interessante aceder às informações e descrições constantes nos registos elaborados pelos cronistas portugueses que viveram e passaram por Viajayanagar , no seu apogeu.
Muito, muito obrigado! :)
Também estou a ler Cidade da Vitória, mas na tradução portuguesa. Penso que o tempo cronológico não é relevante para a narrativa, pelo menos o narrador fala-nos no século XIV (p. 116), mas Vasco da Gama e os portugueses só chegaram à Índia em 1498, no final do século XV.
É verdade, Sandra. Os navegadores e mercadores portugueses, chegaram no final do século XV. A conquista do importante e estratégico da ilha de Goa ocorreu em 1510, não só do ponto de vista de ocupação de território, mas sobretudo na actividade comercial, como parte fundamental no estabelecimento administrativo. É sabido que a chegada e a presença dos portugueses nesses primeiros anos foram fundamentais, dado o poderio militar naval que detinham em comparação ao dos exércitos locais, o que permitiu estabelecer alianças com os diversos reinos que digladiavam entre si. Nos contactos com os líderes desses reinos, tiveram um importante papel os missionários e mensageiros da corte do rei e dos vice-reis portugueses. No período em causa, o Império de Vijayanagar (Bisnaga, como lhe chamaram os portugueses), a "Cidade da Vitória", já estava em fase de acelerada decadência.
É claro que o livro de Salman Rushdie apresenta uma narração efabulada, onde intervêm personagens imaginários, como exércitos de macacos, divindades, avatares, em que até a própria protagonista, Pampa Kampana, viveu ao longo de inúmeras gerações, conhecendo vários séculos.
Para uma melhor compreensão da história do Reino de Bisnaga, pode consultar, entre outros, a História de Viajayanagara. Aqui fica uma dica: https://vijayanagara.nic.in/history/
Muito obrigada!