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jan 3Gostado por Marco Neves

Bom dia.

Não conhecia essa alteração ao calendário gregoriano. A intenção parece-me boa — dá mais jeito que os séculos mudem quando muda o algarismo das centenas, é mais instintivo — mas o recurso a um ano zero com a duração de um ano (seja ele bissexto ou não!) parece-me uma solução um pouco canhestra, por mais que uma razão.

Começando pelo mais importante, mexe com a introdução dos livros do Astérix. Em futuras edições, se os editores quiserem seguir a nova norma, o icónico "Estamos no ano 50 antes de Cristo. Toda a Gália foi ocupada..." terá de passar a "Estamos no ano 49 antes de Cristo". E quem diz o Astérix diz toda e qualquer data a.C., obviamente. Atendendo a que muita gente não está a par da alteração e a que nem toda a gente, mesmo que esteja a par, estará disposta a segui-la, a solução tem tudo para criar confusões onde elas não existiam.

Acresce que o ano 0000, se bem entendi, conta como ano d.C., ou seja, o ano anteriormente conhecido como -1, ou 1 a.C., agora é o ano 0000, soma-se aos "positivos" e resolve a questão do ano 0100 e seguintes, mas deixa tudo na mesma nos séculos a.C.: o ano 0100 a.C. será o último do séc. I a.C. e o ano 0101 a.C. o primeiro do séc. II a.C., que era o que se pretendia corrigir. Lindo serviço... E tudo isso, no meu entender, sem necessidade. Bastaria que a esse novo ano 0000 fosse atribuída uma duração de zero dias, e não de 365 (ou 366...), e que se convencionasse que ele pertencia aos dois séculos limítrofes, i.e., que contasse tanto para a era a.C. como para a d.C.. Afinal de contas, tratando-se de uma convenção, e tal como se acrescenta um dia a cada 4 anos, com as tais excepções dos 100 e dos 400 anos, poderia perfeitamente passar a existir este ano sem duração nenhuma e que conta para um lado e para o outro da escala, sem alterar qualquer datação já existente no calendário gregoriano.

Parece-me que teria sido uma solução mais asseada e mais elegante, como o próprio número zero, que foi inventado para resolver problemas e não para os deixar na mesma ou criar outros novos. Assim, resolvia-se a questão das passagens de século a.C. e mantinha-se o texto de abertura do Astérix (e o próprio mapa, onde se lê GÁLIA {CONQUISTA ROMANA} 50 A.C.)

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A matemática certamente não é o meu ponto forte. Isso explica a minha dedicação às letras.

Muito interessantes as informações sobre o calendário. Confesso que não sabia como aconteciam os anos bissextos.

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Bom dia, Marco!

A propósito dos anos bissextos, de português e de matemática, num artigo muito interessante (https://divulgacao.iastro.pt/pt/feature/a-origem-do-ano-bissexto/), Daniel Folha apresenta a seguinte regra: "No calendário Gregoriano, um ano é bissexto se cumprir dois critérios: o ano tem que ser um número divisível por 4, e um ano que cumpra o critério anterior não pode ser divisível por 100, a menos que seja também divisível por 400."

JM

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