A minha experiência com audiolivros é praticamente nula e, nessa medida, as conclusões que posso tirar são bastante limitadas. Creio, aliás, que nunca “ouvi” integralmente uma obra, tendo ficado por excertos.
O que noto – e que me faz não procurar tanto essa alternativa – é que, ao ouvir o texto lido por alguém, a minha imaginação fica bastante condicionada. Quando leio um texto directamente do papel parece que tenho um acesso mais directo e imediato à obra; as imagens que crio na minha mente ou as ideias que formo a partir das descrições, dos diálogos, das situações, etc., parecem ficar a dever-se, em maior grau, ao que nelas ponho ou à forma como a obra ressoa directamente em mim. Pelo contrário, ao ouvir alguém ler a obra, há algo que se interpõe e que me retira opções imaginativas. A forma como esse alguém lê e as opções que, inevitavelmente, tem de tomar em termos de ritmo, de acentuação de determinadas expressões ou palavras, o tom que use, as inflexões expressivas, etc., constituem já uma intermediação interpretativa que me é “imposta”. Recorrendo a uma metáfora, diria que nos audiolivros há já uma “pré-digestão” do texto.
Isto dito, acho uma opção muito válida e que será particularmente prática para quem passe muito tempo em viagem de automóvel.
Eu também ouço audiolivros de obras que já li em papel, e ouço propositadamente, porque encontro sempre outras vias de interpretação. Há muitos gratuitos disponíveis, e é muito compensador. E, claro, é extremamente útil para quem tem dificuldades de visão.
Audiolivros são um presente lindo para cegos.
A minha experiência com audiolivros é praticamente nula e, nessa medida, as conclusões que posso tirar são bastante limitadas. Creio, aliás, que nunca “ouvi” integralmente uma obra, tendo ficado por excertos.
O que noto – e que me faz não procurar tanto essa alternativa – é que, ao ouvir o texto lido por alguém, a minha imaginação fica bastante condicionada. Quando leio um texto directamente do papel parece que tenho um acesso mais directo e imediato à obra; as imagens que crio na minha mente ou as ideias que formo a partir das descrições, dos diálogos, das situações, etc., parecem ficar a dever-se, em maior grau, ao que nelas ponho ou à forma como a obra ressoa directamente em mim. Pelo contrário, ao ouvir alguém ler a obra, há algo que se interpõe e que me retira opções imaginativas. A forma como esse alguém lê e as opções que, inevitavelmente, tem de tomar em termos de ritmo, de acentuação de determinadas expressões ou palavras, o tom que use, as inflexões expressivas, etc., constituem já uma intermediação interpretativa que me é “imposta”. Recorrendo a uma metáfora, diria que nos audiolivros há já uma “pré-digestão” do texto.
Isto dito, acho uma opção muito válida e que será particularmente prática para quem passe muito tempo em viagem de automóvel.
Eu também ouço audiolivros de obras que já li em papel, e ouço propositadamente, porque encontro sempre outras vias de interpretação. Há muitos gratuitos disponíveis, e é muito compensador. E, claro, é extremamente útil para quem tem dificuldades de visão.